TEXTO: BELEZA COM PÃO
Livro: Perifeminas - pág. 29
Ildslaine Mônica da Silva - Sharylaine
MC desde 1986, é a primeira rapper a ter um registro em LP, militante, produtora cultural, arte educadora e ativista. Idealizadora dos projetos: “Rappers – Casa do Hip Hop” como espaço cultural e “Minas da Rima”.
Contato: sharylainesil@hotmail.com
Elas vem e vão, multiplicando o pão.
Ficam nuas, como todo o ser humano ao nascer, não pela manifestação da mais antiga profissão do mundo, mas pelo orgulho profundo de saber quem são, o que querem, quando querem, como querem, onde querem, onde chegar e ainda o prazer de libertarem seus pensamentos e sentimentos interiores. Revelam-se determinadas e prontas para desafios. Não porque não conseguissem ontem, antes de ontem, ou antes ainda, mas, sobretudo por que conquistaram e se permitem no hoje.
Sim, conhecer o passado, entender o presente, visualizar o futuro. Reconhecem sua cidadania, percebem-se como agentes de sua própria existência na sociedade, sociedade dos “iguais”, “iguais, mesmo?”. “Todos são iguais”, assim diz a Constituição.
Ativas, ativam sua veia cultural, possibilitando que seja utilizada como instrumento pra dizer: - “existimos!”, “por que não?”, “também podemos!”, “isto é exatamente o que penso”, “é disso que eu to falando!”. Enfim, mulheres que fazem a diferença doando seus conhecimentos e vivencias, contribuindo significativamente com o que move as pessoas, os grupos, as sociedades, as vaidades e o mundo, nas suas antigas e novas civilizações.
Re-construir uma comum unidade é papel de todos; educação com equidade de gênero só é possível quando estamos juntos no objetivo, sem medição de força, mas com igualdade entre mulheres e homens, com a compreensão dos direitos e das responsabilidades. Esta pode ser uma forma possível de estabelecer a Cultura da Paz.
Mulheres são fundamentais para fazer a diferença, possuem maior sensibilidade, e não porque tem o dom do acolhimento na maternidade, mas por ter olhar, sentido sexto, ferramentas importantes para a transformação, e para a elevação do respeito ao ser humano e do direito de ser humano. A indignação há de ser maior pela perda de uma vida do que a de um patrimônio.
E por falar em patrimônio, alguém disse: “Eva enrolou Adão!”. Coitadinho tão “bobinho” se deixou levar pela sedução, pela beleza, pelo pão ou porque, diga-se de passagem, “mulher pode, destruir e construir o que quiser”, ou porque ele sabia que ela era mais forte que ele, “espertinho”! Ela o pegou pelo estômago: “maçã”; e ele a pegou pelo psicológico: “minha mulher”, tornando-a submissa, e, ao seu bel prazer, “patrimônio”, simplesmente trocada por um pedaço de terra, “o dote”, dizendo que ela era frágil e que ele seria o provedor. E foi. Conseguiu, para ainda nos dias atuais continuar tomando a decisão e com a reserva especial de cadeira cativa nos espaços de poder.
Isso tudo está mudando, mudando aos poucos, o esqueleto familiar já mudou há tempos. Hoje acreditam mais em si mesmas, e estão aí, difundindo, disseminando, espalhando, expandindo, produzindo e propagando, deixando de ser invisíveis nos cenários, em meio ao costume, ao cultivo, ao folclore, à instrução, à lavoura, à lenda, aos mitos todos, sobre o saber, o novo e a tradição.
Chega! Chega dessa historia de qual é o papel da mulher.
Chega de discutir qual é o papel da mulher na sociedade. Se homem não tem papel, mulher também não tem. As mulheres já nascem com vários papéis por sua própria natureza e tem o direito à escolha, de decidir onde quer estar, pois contribuíram, contribuem e sempre contribuirão para o progresso.
O lugar da mulher é em qualquer lugar que ela quiser.
MÚSICA: PAGU
Rita Lee
Só quem já morreu na fogueira
Sabe o que é ser carvão
Uh! Uh! Uh! Uh!
Eu sou pau pra toda obra
Deus dá asas à minha cobra
Hum! Hum! Hum! Hum!
Minha força não é bruta
Não sou freira
Nem sou puta
Porque nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho
Que muito homem
Nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho
Que muito homem...
Ratatá! Ratatá! Ratatá!
Taratá! Taratá!
Sou rainha do meu tanque
Sou Pagu indignada no palanque
Hanhan! Ah! Hanran!
Uh! Uh!
Fama de porra louca
Tudo bem!
Minha mãe é Maria Ninguém
Uh! Uh!
Não sou atriz
Modelo, dançarina
Meu buraco é mais em cima
Porque nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho
Que muito homem
Modelo, dançarina
Meu buraco é mais em cima
Porque nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho
Que muito homem
Nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho
Que muito homem
Nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho
Que muito homem
Ratatá! Ratatatá
Hiii! Ratatá
Taratá! Taratá!
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho
Que muito homem
Nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho
Que muito homem
Ratatá! Ratatatá
Hiii! Ratatá
Taratá! Taratá!
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